Quando em 1948 George Orwell escreveu o célebre 1984, estava longe de imaginar quão além do seu romance iria um dia chegar a realidade. Remotamente analisados e vigiados, cada clique no nosso computador, smartphone ou tablet, cada passagem na via verde ou operação no multibanco, são dados (data) fundamentais para um Big Brother digital avaliar a melhor forma de nos fazer chegar informação relevante para nosso conforto, consumo e distracção. Todos os elementos fornecidos por cada indivíduo através destes aparelhos que acompanham cada passo das nossas vidas produzem uma enorme quantidade de dados, apelidados no jargão internacional de Big Data, que, convenientemente tratados, produzem informação integrada e organizada, facilmente distribuída e entregue ao consumidor.
Esta orientação para o consumidor, hoje permanentemente conectado, esta comercialização orientada por dados (Data Driven Marketing), analisa e age com base nas informações vindas da internet, dos meios mobile, redes sociais, call-centers, etc., utilizando plataformas analíticas numa busca constante por uma maior parcela de atenção por parte do consumidor. O objectivo é sempre o de estabelecer um relacionamento mais rentável com os clientes actuais, além de captar novos consumidores de maneira mais eficiente.
O Data-driven marketing obriga à necessidade de recolher e analisar dados a partir de fontes externas e internas – relatórios sobre a concorrência, pesquisa de mercado global, on-site e off-site, actividades dos clientes, interacções sociais e muito mais. Navegando no mundo complexo da Big Data, pretende chegar às melhores práticas para a segmentação e redirecionamento de anúncios, com estratégias mais apuradas, melhorando a eficiência dos gastos com marketing em todo o espectro de atividades das marcas, refinando as políticas de fidelização do cliente e tentando aperfeiçoar as estratégias de lançamento de novos produtos.
Sendo tentador fazer o papel da vítima nesta complexa teia de informação, sentir que somos permanentemente manipulados através de todos os meios de comunicação com os quais interagimos constantemente, é também consolador saber que algures no universo da informação digital existe uma entidade não aleatória e inteligente que filtra a informação que é para nós relevante e nos mantém a uma relativa distância da incalculável quantidade de dados que é permanentemente produzida e sistematicamente armazenada em Data Centers (as caixas fortes da actualidade).
Já imaginou o leitor o que seria a sua vida se ninguém fizesse este trabalho por si?
João Nuno Patrício
Marketing Director YCORN®