O êxito das empresas de Economia Compartilhada, resumidamente, provém da utilização de bens e serviços sem a necessidade de comprá-los. Como muitos negócios de sucesso do século XXI, esta modalidade de negócio ocorre no digital, mas conta com o serviço de pessoas ou bens materiais. As empresas economizam (o que permite mais capital para investir em tecnologia) e os prestadores de serviços, em tese, contam com maior autonomia e flexibilidade para compor seus horários de trabalho e fontes de renda.
A economia compartilhada representa a união de interesses sociais, por proporcionar a facilidade de obtenção de serviços; econômico, com foco na monetização e geração de receitas; e tecnológico, já que praticamente todos estes serviços são apresentados ao público por meio de uma plataforma digital, como aplicativos, sites, redes sociais e sistemas de pagamento online.
Nos dias de hoje, não nos faltam exemplos de economia colaborativa. Os mais famosos, talvez, sejam Uber, Airbnb, Netflix e Spotify. O que todas estas startups têm em comum é o fato de que começaram como modestas plataformas online e hoje são referência em suas respetivas áreas. Além da tecnologia, a ação de terceiros foi essencial para o crescimento destas marcas.
O Uber surgiu como uma alternativa de serviço mais em conta do que os taxis e acabou por revolucionar o conceito de transporte privado nas cidades. Não há vínculo empregatício da empresa norte-americana com os motoristas. Logo, a responsabilidade pelo combustível, manutenção e o seguro recaí sobre os condutores, que ficam com 75% do valor das corridas.
O Airbnb, por sua vez, é uma aplicação do ramo hoteleiro, que possibilita a locação de imóveis para fins turísticos. O aplicativo se tornou uma alternativa a hotéis e demais alojamentos. Neste caso, as pessoas destinam um dormitório em sua residência (ou até mesmo uma casa ou apartamento inteiro) para arrendamento pontual.
Já a Netflix e o Spotify disponibilizam filmes e músicas em suas plataformas. Mediante o pagamento de uma tarifa mensal, este sistema, chamado streaming, permite que o usuário assista filmes e ouça música sem a necessidade de comprar um DVD ou um CD. O sistema ainda possibilita o compartilhamento da conta com outros membros da família.
Além do setor do transporte, hotelaria e streaming, a gastronomia também aproveita as vantagens da economia partilhada. O surgimento de aplicativos como ifood, Uber Eats, Rappi e Glovo facilitou a vida dos consumidores, que agora estão a apenas alguns cliques de receber em casa ou no trabalho alguns de seus pratos favoritos.
O Brasil é, definitivamente, um país onde as empresas de Delivery encontraram um excelente mercado. Entretanto, uma recente reportagem do jornal Folha de São Paulo revela a difícil realidade dos entregadores que trabalham para estes aplicativos. A matéria explica que a popularização destes serviços acarretou em maior busca e, consequentemente, vulgarização dos pagamentos. Ou seja, quando os serviços foram lançados, os entregadores que correram para buscar as primeiras vagas conseguiram maiores salários. Conforme novos interessados foram surgindo, os pagamentos sofreram uma significativa queda.
Basta uma volta pelas ruas para perceber o crescimento do número de entregadores. Alguns em suas motos, outros em suas bicicletas, cada um deles carrega nas costas caixas de diferentes cores e diferentes empresas, mas com os objetivos bem definidos: trazer-nos o alimento o quanto antes e já partir para a próxima entrega.
Os transtornos não acontecem apenas no Brasil. Em Portugal, por exemplo, recentes problemas com a segurança e divergências sobre o pagamento destes profissionais colocou a credibilidade destas empresas à prova e levantou questões sobre os benefícios da atividade.
Perante a conveniência do serviço, fica evidente que uma nova tendência surge. Mas, para que essa relação seja duradoura, é fundamental que o direito dos trabalhadores seja respeitado. A tecnologia cumpre seu papel ao facilitar o serviço, mas é preciso ter em mente que a condição humana vem em primeiro lugar.
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