A Internet das Coisas (IoT) foi o conceito criado para definir a revolução tecnológica de objectos usados no dia-a-dia interligados com um dispositivo com ligação à internet. Tal como já se tornou possível ligar smartphones a computadores ou tablets, a ideia é ligar electrodomésticos, meios de transporte e até roupa através da colocação de sensores. É um mercado vastíssimo, com aplicações já desenvolvidas em carros, casas, escovas de dentes, garfos ou óculos, todos ligados na nuvem, construídos para facilitar a vida das pessoas e para satisfazer um mercado ávido por gadgets tecnológicos. As oportunidades geradas serão inúmeras para empresas de vários sectores, como as infraestruturas, segurança digital e análise de dados (bigdata).
São já vários os dispositivos que a utilizam: desde uma pulseira que contabiliza o número de passos dados, calcula as calorias consumidas e analisa a qualidade do sono, a um medidor de pressão arterial que envia os dados para um programa de monitorização, ou uma cafeteira que começa a funcionar depois de uma ordem dada via telemóvel.
Na indústria podem referir-se, a título de exemplo, as redes de energia inteligentes. Estas permitem aos fornecedores ter acesso permanente aos consumos eléctricos dos aparelhos instalados nas casas ou empresas dos clientes, facilitando dessa forma a gestão mais eficiente dos consumos de luz, gás ou água, com o objectivo de reduzir custos.
Também os agricultores têm a possibilidade de implantar sensores nos solos que fornecem, de forma contínua, dados acerca da qualidade do terreno e dos seus nutrientes, da temperatura e humidade, disponibilizando assim informação útil que permite escolhas mais cuidadas sobre produtos a serem plantados e qual a melhor altura para o fazer, contribuindo desta forma para a redução do desperdício. Estima-se que, nos Estados Unidos, esta tecnologia possa reduzir a utilização de água em 20%, enquanto tractores ‘inteligentes’, configurados para determinar automaticamente a dimensão de um terreno e a sua forma exacta, permitem reduzir o consumo de combustível em vários milhões de litros por ano.
De acordo com os dados da consultora Gartner, estima-se que em 2015 o número de dispositivos ligados à Internet das Coisas chegue aos 4,9 mil milhões, um aumento de 30% face a 2014. No que toca ao investimento, a nível global deve alcançar cerca de 60 mil milhões de euros no final deste ano e mais de 250 mil milhões de euros até 2020. O futuro, quando se trata da Internet e das possibilidades que ela veio criar, não é amanhã – ele já está a acontecer. Pelo contrário, a nossa capacidade de leitura, observação e análise dos dados já começa a ser passado. Perdemos há muito a possibilidade de abarcar a multiplicidade de informação que o mundo oferece, e em especial o mundo digital. Prepare-se, pois, para num objecto muito próximo de si estar um imenso olho atento aos seus gestos diários e a transmitir os seus passos e uma boa parte da sua vida para um computador num Data Center algures no planeta…
João Nuno Patrício
CMO YCORN